A Guerra Irã-Iraque foi um conflito militar entre o Irã e
o Iraque entre 1980 e 1990. Foi o resultado de disputas políticas
e territoriais entre ambos os países.
Em 1980, o presidente Saddam Hussein, do Iraque,
revogou um acordo de 1975 que cedia ao Irã cerca de 518 quilômetros quadrados
de uma área de fronteira ao norte do canal de Shatt-al-Arab
em troca de garantias, pelo Irã, de que cessaria a assistência
militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência.
Exigindo a revisão do acordo para demarcação
da fronteira ao longo do Shatt-al-Arab (que controla o porto de Bassora),
a reapropriação de três ilhas no estreito de
Ormuz (tomado pelo Irã em 1971) e a cessão de autonomia às
minorias dentro do Irã, o exército iraquiano, em 22
de Setembro de 1980, invadiu a zona ocidental do Irã.
O Iraque também estava interessado na desestabilização
do governo islâmico de Teerã e na anexação
do Kuzestão, a província iraniana mais rica em petróleo.
Segundo os iraquianos, o Irã infiltrou agentes no Iraque para
derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa
campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre,
marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas
de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.
O exército iraquiano engajou-se em uma escaramuça
de fronteira numa região disputada, porém não
muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro
da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva
iraquiana encontrou forte resistência e o Irã recapturou
o território.
Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente
em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes.
A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irã levou
o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irã (os iranianos
exigiram pesadas condições: dentre elas a queda de
Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo
Irã-Contras), o Irã conseguiu recuperar boa parte dos
territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse
mesmo ano, o Irã atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo
Pérsico. Nessa altura, as Organização das Nações
Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de
guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram
uma usina nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois
bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassora
e Bagdá.
O esforço de guerra do Iraque era financiado pela Arábia
Saudita, pelos EUA e pela União Soviética, enquanto
o Irã contava com a ajuda da Síria e da Líbia.
Mas, em meados da década de 80, a reputação
internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado
armas químicas contra as tropas iranianas.
A guerra entrou em uma nova fase em 1987,
quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro
e nas proximidades do golfo Pérsico, resultando no envio para
a região de navios norte-americanos e de outras nações.
Oficiais graduados do exército iraniano começaram a
perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas
de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido
pelo Ocidente.
No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU
exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irã, não.
Em Agosto de 1988, hábeis negociações levadas
a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar,
e a economia caótica do Irã levaram a que o país
aceitasse que a Organização das Nações
Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício
veio em julho e a paz foi reestabelecida em 15 de agosto.
Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel
de 1975, que estabelecia fronteira com o Irã. Não houve ganhos e as perdas foram
estimadas em cerca de 1,5 milhão de vidas. A guerra destruiu
os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário
no Irã. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir
de então, o governo iraniano passou a adotar posições
mais moderadas. Em Setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava
com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram
relações diplomáticas. |